Evento promove diálogo e conexões importantes entre empresas e profissionais em prol da sustentabilidade

 

O Conexões Ethos Curitiba, realizado pela primeira vez na cidade dia 24 de maio de 2019, possibilitou o engajamento em prol da sustentabilidade e a expansão das conexões entre as empresas e profissionais do setor privado para o cumprimento das agendas do desenvolvimento sustentável, compartilhando iniciativas que estão sendo capazes de gerar importantes mudanças no setor produtivo. Foi possível entender as visões e práticas de diversas empresas sobre o desenvolvimento sustentável e as problemáticas econômicas e sociais relacionadas ao tema, por meio da fala de seus representantes e do diálogo sobre a realidade da sustentabilidade no Brasil e na região sul.

O evento que ocorreu no auditório do Sistema FIEP, iniciou com a fala de Caio Magri – Diretor-Presidente do Instituto Ethos, realizador do evento,  dizendo que estava muito contente e satisfeito com a realização da edição do Conexões Ethos em Curitiba e que a ideia dessa iniciativa se deu com a sua participação no Fórum Pulire America 2018, realizado pela FACOP em Curitiba, o qual chamou sua atenção em função da discussão sobre sustentabilidade que aconteceu e do potencial da região sul para o trabalho desenvolvido pelo Instituto Ethos. O tema de abertura foi a agenda do desenvolvimento sustentável e da economia inclusiva e o momento do país, um recorte sobre as mobilizações do Instituto Ethos. Caio Magri explicou que o intuito do Instituto Ethos com a realização do evento era dialogar com as empresas sobre como gerar uma economia mais responsável, inclusiva e sustentável, destacando o problema da grande quantidade de emissão de carbono. Comentou que há muito desconhecimento sobre a real consequência do que estamos causando, especialmente no que se refere a retrocessos que vêm ocorrendo com relação ao cumprimento das agendas de desenvolvimento sustentável e que era preciso discutir sobre como lidar com essas problemáticas. Propôs uma reflexão ética, social e econômica sobre o tema.

Em seguida discursou Ruy Brandt – Diretor-Geral do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE/FIEP), que sediou o evento, ressaltando que a agenda de desenvolvimento sustentável deve sempre ser tema dialogado entre as empresas. Comentou que em estudo realizado no Paraná,  100% das empresas pesquisadas realiza algum tipo de trabalho de responsabilidade ambiental, sendo assim muito importante que essas ações sejam compartilhadas em eventos como o Conexões Ethos.

A FACOP também participou da abertura do evento com a fala da Cássia Almeida – Superintendente Executiva, que destacou que a Fundação apoiou o evento em função de acreditar no que o Ethos faz, como e porque ele faz. Falou sobre o trabalho realizado pela FACOP para o desenvolvimento sustentável, atendendo especialmente aos ODS: 4 – Educação de Qualidade, realizada pelo CEPNKA-Escola da FACOP na formação de profissionais qualificados para o mercado de trabalho; 8 – Emprego digno e crescimento econômico, com o trabalho realizado pela Central de Empregos FACOP no atendimento, orientação e encaminhamento de profissionais para vagas de emprego; 3 – Boa saúde e bem estar, por meio dos serviços de saúde e segurança no trabalho do SESMT Coletivo FACOP prestados às empresas do setor do asseio e conservação e o 17 – Parcerias, que auxiliam a Fundação nessas ações. Ressaltou que a limpeza profissional é o carro chefe da FACOP e que por isso o foco da sua fala seria limpeza e sustentabilidade, no que se refere às pessoas, processos e tecnologias aliados para gerar o que chamou de sustentabilidade do ser, pois não são as empresas, mas os profissionais que trabalham nelas que tomam consciência, decidem e agem em prol do meio ambiente, de uma economia e sociedade sustentável. Falou sobre a palavra limpeza estar frequentemente sendo utilizada para falar das ações para o desenvolvimento sustentável, como, por exemplo, uma atitude limpa significar ser ética. Chamou atenção para não ser necessário somente fazer a limpeza física do ambiente e dos corpos, mas também da mente, para um pensar limpo e um agir sustentável, ressaltando a importância da educação para o fim.

 

Angela Finck – Coordenadora do plano setorial de logística reversa da Sinpacel, finalizou a abertura do evento falando sobre a irresponsabilidade das indústrias que por muito tempo só extraíram os recursos da natureza, resultando em diversos problemas ambientais. Enfatizou a importância das empresas agora atuarem na preservação do meio ambiente, não somente com ações relacionadas à suas atividades ou setor de produção, mas também realizando a educação ambiental dos consumidores e população em geral.

Em seguida iniciaram as entrevistas e mesas redondas, momento em que os participantes puderam contribuir tanto com suas explanações sobre os assuntos e relatos de ações realizadas, quanto respondendo questões pertinentes.

 

A primeira parte do diálogo foi sobre a intensidade de carbono e a economia do Paraná e da região Sul – oportunidades para o protagonismo e adaptação climática; e contou com a entrevista de Natalie Unterstell – Superintendente de inovação do Governo do Paraná na Gestão 2014/2018 e a mediação de Flavia Resende – Coordenadora de políticas públicas e práticas empresariais do Instituto Ethos. Indagada sobre o tema, Natalie apresentou dados sobre investimento público em produção de energia, especialmente nas hidroelétricas e as diferenças que existem entre as regiões, mostrando que Itaipu está em crescimento, enquanto usinas em outras regiões demonstram queda em capacidade de armazenamento de água e consequentemente da produção de energia. Citou também que apesar da perspectiva de aumento de chuva na região sul e com isso aumento da produção das hidroelétricas, há preocupação com a capacidade de armazenamento água das mesmas. Falou também sobre a agricultura, já que a produção de alimentos e energia são os principais focos de desenvolvimento do estado do Paraná. Comentou que o perfil agroclimático do Paraná na atualidade faz com que não exista mais condições do estado ser produtor de soja, em contrapartida apresenta condição apropriada para produção de cana, ressaltando a importância de pensar na condição climática em função de sua grande influência na agricultura e no agronegócio. Citou que as cooperativas agrícolas do PR estão investindo em ciência, em startups que geram informações específicas sobre as melhores soluções de plantio e colheita, implantando assim boas práticas com base nessas informações, demonstrando ser segmento bem interessado em sustentabilidade. Também que empresas do Paraná, em grande maioria, olham agora não só para sua responsabilidade, mas para o impacto que estão causando. Porém, que a proposta do Governo do Paraná de alteração da agenda 2030 dos ODS, aponta para situação instável no agronegócio sustentável e que a insegurança jurídica pode resultar em problemas para conseguir investimento internacional. Natalie finalizou sua fala ressaltando a importância das empresas, especialmente das indústrias, darem foco na agenda 2030 dos ODS, especialmente no que se refere à energia.

Natalie Unterstell e Flavia Resende – Coordenadora de políticas públicas e práticas empresariais do Instituto Ethos.

 

A sustentabilidade na cadeia de valor – chave para o fomento da inovação e valorização da pequena empresa foi o tema da segunda parte do diálogo, em formato de mesa redonda com exposição de casos. Ana Lucia de Melo Custódio – Diretora-adjunta do Instituto Ethos foi a mediadora da mesa. Questionou os participantes sobre o desafio de alinhar as áreas dentro das empresas para um olhar sistêmico sobre a sustentabilidade, para o trabalho integrado e de monitoramento dos seus fornecedores, elementos críticos e relevantes para o negócio.

A partir da esquerda: Victor Antunes Monteiro – Gerente Agronômico da Cervejaria Ambev, Norman de Paula Arruda – Presidente do ISAE e Coordenador do Conselho da ACP , Lilian Taise da Silva Beduschi – Gerente de Sustentabilidade, Segurança do Trabalho e Qualidade do Grupo Malwee e Ana Lucia de Melo Custódio – Diretora-adjunta do Instituto Ethos

 

Norman de Paula Arruda – Presidente do ISAE – Instituto Superior de Administração e Economia (Escola de Negócios), Coordenador do Conselho de Ação para a Sustentabilidade Empresarial da ACP e Co-chair PRME LAC, ONU, falou sobre a importância da educação para sustentabilidade, pois a partir das orientações e esclarecimentos em qualquer área produtiva sobre o tema, cria-se multiplicadores de ações, um efeito de contaminação para atitudes sustentáveis. Comentou que estar sensível, entender o sentido dos ODS é essencial para que haja engajamento. Também disse que sempre é questionado sobre o que fazer para que as pessoas se sintam partícipes, incluídas, se enxergando dentro do processo de desenvolvimento sustentável. Ressaltou que é convidando-as para ação, aplicando a teoria (políticas e iniciativas) na prática, fazendo acontecer e relatando, especificando e detalhando como as essas ações foram desenvolvidas.  Falou sobre o formato de relatório ser necessário na divulgação dessas ações empresariais, para que possam ser sugestões viáveis de aplicação em outras empresas e demonstrem credibilidade. Finalizou dizendo que o que está dentro da lei é o mínimo que precisa ser realizado pelas empresas, não merece confete. Que a cadeia de desenvolvimento sustentável só é ampliada com parcerias e novas ideias e que no formato correto devem ser divulgadas para multiplicação.

Em seguida, Lilian Taise da Silva Beduschi – Gerente de Sustentabilidade, Segurança do Trabalho e Qualidade do Grupo Malwee iniciou sua apresentação falando que a história da empresa é pautada no desenvolvimento sustentável, pois extrapola as ações sustentáveis das fábricas para fornecedores, varejo e outros relacionamentos na cadeia e que todo o marketing da Malwee busca criar paixão pelo tema por meio da consciência sustentável. Citou o programa de auditoria para produção responsável dos parceiros, prestadores de serviço/empresas terceirizadas que precisam trabalhar dentro da mesma certificação, com auxílio e suporte da empresa nas adequações necessárias. Hoje, a produção da Malwee pode ser chamada de responsável com a sustentabilidade, em função dos treinamentos de padrão de qualidade e consultorias diversas que realizam para o fim. Exemplificou com o projeto de encadeamento produtivo, no qual 25 mil lojistas multimarcas parceiros, por meio de políticas, conexões, desenvolvimento empresarial e acesso ao mercado estão engajados para o desenvolvimento sustentável. Finalizou sua apresentação falando sobre o trabalho de um parceiro da Malwee, o aplicativo Ribon, incentivando o uso do mesmo para apoiar causas que auxiliam no desenvolvimento sustentável, ajudando pessoas em situação de extrema pobreza com água potável, medicamento, alimento e saúde básica.

Victor Antunes Monteiro – Gerente Agronômico da Cervejaria Ambev foi o último a falar sobre o tema. Comentou que é preciso prever os problemas para que as ações para o desenvolvimento sustentável possam ser efetivas. Citou que o objetivo da Ambev é garantir a qualidade dos seus produtos do campo ao copo, por meio de assessoria para os produtores diretos e cooperativas na produção da cevada. Ressaltou que a meta da empresa para a sustentabilidade na cadeia de valor é ter o produtor como centro do negócio e conectado ao todo, acessando informações que o direcionam para as práticas produtivas que estão dando certo, se melhorando e capacitando tecnicamente. Finalizou sua apresentação falando sobre a importância de o produtor estar financeiramente empoderado e da Ambev orientá-lo também neste sentido, por meio de ferramentas que tornam o negócio viável, usando como exemplo o seguro agro.

A segunda mesa redonda com exposição de casos abordou o tema: iniciativas para promoção da inclusão racial e de gênero nas empresas – vencendo barreiras tangíveis e intangíveis. Sheila de Carvalho – Coordenadora de Políticas Públicas de Direitos Humanos e Práticas Empresariais do Instituto Ethos falou sobre a importância do processo, do uso de dados e dos passos metodológicos para que as ações em prol da diversidade nas empresas sejam bem-sucedidas. Comentou que para incentivar as iniciativas sob esse âmbito nas empresas é preciso que elas estejam direcionadas para mulher negra, que é o maior grupo social no Brasil e só há 0,3% dessas mulheres ocupando atualmente cargos de gestão. Ressaltou a necessidade de as empresas dialogarem sobre os dados e suas experiências no desenvolvimento da inclusão de gênero e racial.

Giselle dos Anjos Santos – Consultora CEERT e Sheila de Carvalho – Coordenadora de Políticas Públicas de Direitos Humanos e Práticas Empresariais do Instituto Ethos

 

Giselle dos Anjos Santos – Consultora CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades iniciou sua fala explicando que o CEERT trabalha pelo desenvolvimento da equidade racial e de gênero nas empresas. Relatou que os estudos mostram que mulheres negras estão 50% mais suscetíveis ao desemprego, que a crise atual não atingiu a todos os brasileiros da mesma maneira. Mas que há também dados positivos sobre igualdade racial, apontando que a entrada de jovens negros na universidade, em menos de 20 anos, aumentou em quase 4 vezes. Comentou que as ações das empresas no âmbito da diversidade são pensadas mais comumente no recorte de gênero, mas não há tanto foco na racial. Também que a interseccionalidade já está sendo mais discutida pelas empresas na atualidade, mas não é aplicada por meio de ações. Ressaltou que há indícios, baseados em pesquisas realizadas, que ações no âmbito da diversidade trazem benefícios para o melhor funcionamento das empresas e grupos de trabalho. E que por isso, é preciso que as empresas invistam em formas de recrutamento que incluam a procura por profissionais mulheres e negros para as oportunidades de trabalho.  Finalizou dizendo que o CEERT utiliza ferramentas importantes, como o senso, por exemplo, para indicar os processos necessários, proporcionando respaldo para que as empresas implantem ações que efetivamente realizem a inclusão e equidade racial e de gênero.

A última etapa ou encerramento do evento contou com questionamentos para a conclusão do diálogo: como as empresas estão contribuindo individualmente para os ODS? Existem oportunidades de negócios nesta agenda?

A partir da esquerda: Felipe Olivari do Carmo – Sócio do Marins de Souza, Leal & Olivari Advogados, Guilherme Augusto Garcia Geronasso – Coordenador Ambiental da Ambiensys Gestão Ambiental, Marcus Figueiredo – Diretor Executivo da Hit Tecnologia em Saúde e Caio Magri – Diretor-Presidente do Instituto Ethos

 

Caio Magri – Diretor-Presidente do Instituto Ethos iniciou o diálogo falando sobre a importância das políticas públicas para que as empresas possam realizar ações que contribuam para os ODS, não somente das de incentivo, mas também daquelas que criam barreiras e dificultam a aplicação dessas iniciativas.

Em seguida, Guilherme Augusto Garcia Geronasso – Coordenador Ambiental da Ambiensys Gestão Ambiental, falou sobre o trabalho da empresa de auxiliar na organização das ideias e na aplicação de ações de educação ambiental e em prol do desenvolvimento sustentável, direcionado especialmente para crianças em situação de vulnerabilidade e cooperativas de materiais recicláveis. Comentou que no trabalho com as cooperativas, o foco é torná-las autossuficientes, por meio de auxílio na gestão. E que há muitas dificuldades para ajudar as crianças, principalmente barreiras governamentais. Ressaltou que faltam ferramentas e incentivos fiscais em prol das ações para a conquista dos ODS. Finalizou sua fala dizendo que é muito importante identificar os impedimentos e as falhas nas ações para corrigi-las, adaptando-se às mudanças naturais que ocorrem no país.

Marcus Figueiredo – Diretor Executivo da Hit Tecnologia em Saúde, iniciou sua fala dizendo que a empresa mudou seu propósito para direcioná-lo ao atendimento dos ODS, especialmente aos relacionados à promoção de saúde, com tecnologias sendo desenvolvidas com base nesse foco. Comentou que encara as adversidades encontradas na aplicação de ações inovadoras para o desenvolvimento sustentável como uma oportunidade de mudar a realidade atual, pois ao apresentar uma nova ferramenta ao mercado, gera-se ao menos uma reflexão sobre seus benefícios, que estão intimamente ligados aos ODS, além das diversas possibilidades de incentivo que podem acontecer.

Finalizando o diálogo sobre o tema, Felipe Olivari do Carmo – Sócio do Marins de Souza, Leal & Olivari Advogados, falou sobre o escritório possuir o tema sustentabilidade no seu DNA, sendo um compromisso, inclusive com sua participação na Comissão de Direito Ambiental e do Pacto Global da OAB. Comentou que existe necessidade de mais auxílio do governo, por meio de incentivo fiscal, mas também de apoio aos trabalhos sociais que as empresas realizam, contribuindo com o fomento dos ODS para a sociedade. Ressaltou que não adianta as empresas exigirem de seus funcionários um comportamento sustentável se sua atuação não reflete o mesmo. Que é preciso que a cultura e os valores corporativos sejam utilizados como parâmetro para direcionar as ações desses profissionais.

Roseane Fontoura – Coordenadora Executiva do CPCE encerrou o evento agradecendo a presença e as contribuições de todos os participantes, que foram muito positivas para o diálogo sobre sustentabilidade e que proporcionaram conexões importantes para o fomento de ações que colaboram para o desenvolvimento sustentável regional e nacional.

A FACOP apoiou o evento realizado pelo Instituto Ethos convidando colaboradores e parceiros para dialogar sobre sustentabilidade. Contou com a presença de uma importante parceira, a Spartan, representada por David James Drake – Presidente e Adelar Cristiano Strapazzon Ribeiro – Supervisor de Vendas-PR.

 

A partir da esquerda: David James Drake –  Presidente da Spartan, Cássia Almeida – Executiva da FACOP e Caio Magri – Diretor Presidente do Instituto Ethos

 

Que este seja o primeiro de muitos encontros em Curitiba para dialogar sobre o desenvolvimento sustentável e que a FACOP possa sempre participar, pois faz parte dos seus valores apoiar esse tipo de iniciativa.