Artigo de Mário Guedes – Biólogo, Doutor em Ciências Biológicas – Entomologia Coordenador do Curso de Limpeza Profissional do CEPNKA – Escola da FACOP.

Nos últimos meses, nunca se deu tanta importância para a limpeza, seja ela das residências ou ambiente de trabalho. Nunca se falou tanto em higienização, mesmo sem que a população, de maneira geral, reconheça as terminologias, conceitos, técnicas, produtos específicos, equipamentos e toda a necessidade de capacitação e entendimento envolvidos neste assunto.
Por décadas o papel de quem realiza a “limpeza” foi visto como aquelas pessoas que removem as sujidades, que lidam com aquilo que os outros não querem, ou seja, tudo aquilo que produzimos, utilizamos e descartamos, tudo aquilo que é resíduo e rejeito das nossas atividades diárias.
Mas de algum tempo para cá, o setor de asseio e conservação ganhou notoriedade. É visto a necessidade destes agentes de manutenção primária da sociedade: profissionais da limpeza, que realizam a higienização das superfícies, garantindo o bem estar e saúde de todos, conservando os ambientes e as condições de salubridade; os profissionais de controle de acesso e porteiros, garantindo entradas e saídas sempre funcionando e seguras; os jardineiros e profissionais da limpeza pública, assegurando que os locais de uso comum estejam bem asseados e a vista de nossas janelas, bonita, enquanto guardamos isolamento; os zeladores, mantendo tudo funcionando em nossos condomínios enquanto nos dedicamos em nossas residências ao trabalho remoto ou ao descanso, lidando e nos adaptando ao modo de vida que foi imposto por força maior.
Poderia citar todos aqueles profissionais do setor que estão fazendo a roda girar, mal compreendidos por muitos, que agora são classificados como essenciais e aqueles que estão em risco direto, por exemplo, realizando a higienização de estabelecimentos de saúde que recebem, tratam e cuidam dos enfermos, entre tantos outros, que se aqui fossem listados, faltariam palavras e espaço.
Mesmo aqueles que detêm parte administrativa neste contexto são essenciais e especialmente, na operacionalização das tarefas, deve-se dar crédito aos produtores e fornecedores de insumos. Fato é que, sem toda a cadeia logística do setor de asseio e conservação nada funcionaria, uma vez que a limpeza é condição básica de saúde para todos.
Como já postulam as teorias que é o mais apto é o que sobrevive, é necessário nesta época, revermos nossos hábitos, pontos de vista, posições ideológicas, métodos de trabalho e nos adaptarmos a esta seleção “naturalmente não natural” que estamos sendo direcionados. Uma vez que diferentes alternativas são dispostas, novas competências e habilidades devem ser desenvolvidas e, apenas um profissional capacitado pode exercer essas demandas.
Dessa maneira, as instituições que fomentam o conhecimento e a criação de saberes no meio do asseio e conservação são brutalmente relevantes. Isso mesmo, a limpeza se faz, literalmente, com ciência e também com consciência. A geração de conhecimento neste (e não só neste) meio é necessária, o desenvolvimento do pensamento crítico, a capacidade de saber fazer e de saber o porquê fazer são imprescindíveis, desvendando a linguagem rebuscada em termos simples para que todos possam compreender e aplicar.
Portando, com maior atenção a estes profissionais é que seguimos, provendo credibilidade, formação e humanização. Diante disto, repense, olhe de maneira diferente, aos seus funcionários, aos seus pares e ao seu redor. É hora de darmos o melhor que podemos.