Artigo de Maria Letizia Marchese – Pedagoga, Psicopedagoga, Educadora Especial e Diretora do CEPNKA – Escola da FACOP

O cérebro se desenvolve e aprende com a continuidade dos estímulos. Quanto mais se lê, mais dinâmica fica a leitura. Quanto mais se escreve, mais fluida fica a escrita. Mas, o inverso é verdadeiro! Quanto mais tempo afastado das atividades que envolvem a aprendizagem, mais difícil dela acontecer, assim como quanto menos se escreve, mais enrijecida fica a mão.

Na rotina do dia a dia, os programas televisivos, os aplicativos do celular e as sedutoras redes sociais estão fazendo parte da vida das pessoas, além dos seus diversos papéis que precisam cumprir, como a manutenção da própria casa, o cuidado com os filhos ou dependentes, a prática desportiva, o trabalho, dentre tantas atividades do cotidiano. E assim, a aprendizagem formal, a que acontece nos ambientes propositalmente organizados para o desenvolvimento humano, vai ficando em segundo plano, ou sendo adiada com frequência.

E o cérebro que se desenvolve a partir de novas conexões, novas situações-problema e soluções diferenciadas, vai ficando como que “engessado”. E como retomar os estudos e o ritmo de aprendizagem de outrora?

Para a aprendizagem acontecer, uma série de interconexões são necessárias e isso é um processo gradativo, de estímulos e assimilações sucessivas.

Independente dos motivos que levaram uma pessoa a abandonar os estudos, a aprendizagem escolar, acadêmica, é possível reiniciar a qualquer momento, pois o cérebro tem plasticidade, ou seja, tem a capacidade de formar novas conexões a partir dos estímulos que sente, percebe, compreende e memoriza. Pode iniciar de forma mais lenta, mas na medida em que corresponde aos estímulos, vai desenvolvendo agilidade mental e física.

Para a retomada ser saudável, há fatores que precisam ser considerados para uma boa aprendizagem: alimentação adequada, respeito às horas de sono, equilíbrio no estado mental, atenção focada e um ambiente de ensino acolhedor e estimulante.

Para a aprendizagem, a alimentação não deve ser pesada, pois caso contrário, o organismo vai solicitar maior fluxo sanguíneo para a digestão dos alimentos mais pesados, fazendo com que a atenção seja menor e pode causar sono, desconforto e desatenção.

Igualmente, uma pessoa com sono, não conseguirá concentrar-se no que realmente precisa ser pensado, construído e assimilado, prejudicando o desempenho funcional e cognitivo.

Equilíbrio no estado mental, diz respeito a uma pessoa que tem ferramentas pessoais para lidar com as emoções e o desejo de aprender. Uma pessoa depressiva, pode não ter o nível necessário de atenção e automotivação para a aprendizagem, o que interfere na compreensão e assimilação dos conteúdos.

O ambiente acolhedor e estimulante favorece que a pessoa esteja confortável a ponto de focar sua atenção no que precisa ser pensado efetivamente e possa selecionar dentre tantos estímulos que há no entorno, o que precisa, de fato, receber a atenção.

Todos esses elementos precisam estar em consonância para o funcionamento adequado para ativar o mecanismo da aprendizagem.  Basta começar e o cérebro, em alegria, aprenderá.

Estudar é sempre uma boa opção. Não deve ficar em segundo plano. Não adie pois, o tempo passa, a vida segue e o cérebro, sem estímulos novos, perece.